
Inicialmente era uma árvore genealógica convencional. Com suas ramificações representando todos os ancestrais e seus descendentes. Apenas formas ovais com os nomes de cada membro. E pendurados nela de acordo com uma hierarquia. Começando com um ancestral mais velho e descendo para descendentes até chegar ao membro mais novo da família toda.
E ela era frondosa e orgulhosa de seu papel que era registrar toda uma linhagem de alguma família.
Era muito requisitada e às vezes até vítima de revoadas de espermas atrás de acasalamento com possíveis parceiras escondidas entre seus ramos. Todos com a intenção de algum dia vir a estar ostensivamente presentes e bem aparentes entre suas figuras ilustres.
Tudo isto, em tese, deveria funcionar. Mas não era bem assim. É que havia o problema dos “ por fora”. Os “ bastardos”.
Estes eram pendurados meio que escondidinhos e apagadinhos.
É que eles eram fruto de amores proibidos. E sem registros oficiais. Ou só registrados, informalmente, nas fofocas que se perdem rapidamente e para sempre.
E com tanta gente cometendo seus pecadinhos por aí, o número deles aumentava e aumentava. Para solucionar provisoriamente esta questão, começaram a pendurar os extras nas árvores dos vizinhos, às vezes frutos destes mesmos, ou de amigos , ou de inimigos, ou de parentes ou de quem passasse por perto. Ui! Cuidado!
E as ramificações das árvores aumentavam e aumentavam. E foram ficando cada vez mais robustas, variadas e interessantes.
A estas alturas a árvore principal começou a ficar enciumada e resolveu entrar na dança destas árvores vizinhas. Parecia ser mais moderno, mais normal e muito mais divertido. Então ficou assim: todo mundo pulando de galho em galho. Vixe!
No fim virou tudo uma misturança só. E não pensem que ficou feio e confuso. Não. Tudo isto deu origem a um lindíssimo pomar.